Resenha: Todo Dia

Título original: Every Day
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Ano: 2013
Número de páginas: 279

Classificação: 4 estrelas

  

Sinopse:

Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

  

“- Posso te pergunta uma coisa? – digo para Amelia.

  - Claro. O quê?

  - Se eu acordasse num corpo diferente todos os dias e você nunca soubesse como eu ia ser no dia seguinte, ainda me amaria?

 Ela não faz uma pausa nem age como se a pergunta fosse estranha.

 - Mesmo que você fosse verde, tivesse barba e um órgão sexual masculino no meio das pernas. Mesmo que suas sobrancelhas fossem cor de laranja e você tivesse uma verruga cobrindo toda a bochecha e um nariz que batesse no meu olho toda vez que eu fosse te beijar. Mesmo que pesasse 300 quilos e tivesse pelos do tamanho de um dobermann nas axilas. Mesmo assim, eu amaria você.

 - Igualmente – respondo.

 E é fácil falar, por que nunca vai precisar ser verdade.” (Pág.: 259)

  

Todo dia o A (nosso protagonista) sofre com a sua infeliz sina. Em cada 24 horas ele torna-se uma pessoa diferente. Como assim? É simples e ao mesmo tempo muito louco pra entender! Pois é.

O “A” tem sua vida dissipada em inúmeras outras vidas, ele é um tipo de alma (sem sexo), que se instala nos humanos como se fosse um hóspede dia a dia, pulando de corpo em corpo (Acho que você já deve ter visto esse tipo de história nos livros “A Hospedeira” e em “Starters” cujo assunto é bem semelhante), tornando-se dono do corpo por um dia.

Quando ele habita o corpo do jovem Justin, ele acredita que será uma “estadia” qualquer como todas as outras. Mas, quando ele reconhece ou conhece (risos) sua namorada: a Rhiannon, tudo muda. Então é aí que o romance aparece por cima de outro romance (risos) e tudo vem à tona.

Nesse Livro somos capazes de encontrar duas formas de amor: o amor carnal e o platônico, entre os mais variáveis corpos do incrível “A” com a sensível Rhiannon.

Mesmo contendo muito sentimentalismo no livro, o amor dos personagens não é tão meloso, é bem tranquilo porque passamos por pensamentos, jeitos, modos e vidas diversas, e isto torna a leitura bem instigante.

Mesmo “A” sendo um rapaz, uma moça, um negro, um obeso, um deficiente, uma moribunda, um drogado, um gay, uma lésbica, um andrógeno, um nerd, um metaleiro nenhuma dessas formas, corpos e pensamentos, impedirá dele apaixonar-se por Rhiannon. “A” decide então enfrentar dia pós dia esta terrível barreira que os impede de ficar juntos, ele(a) e Rhiannon buscam uma forma de combater este mal. Mas no amor tudo supera. Será mesmo?

Puro romance com um final dolorosamente honesto!

  

Sintam um pouco da essência do livro:

“O mar cria a própria música; o vento faz sua dança. Ficamos no mesmo lugar. No início estamos nos apoiando um no outro, mas depois começa a parecer que estamos nos agarrando a algo maior do que isso. Mais grandioso.” (Pág.: 19)

“Uma coisa é se apaixonar. Outra é sentir alguém se apaixonando por você, e sentir-se responsável por esse amor.” (Pág.: 27)

“Apaixonar-se por alguém não significa que você saiba como a pessoa se sente. Significa apenas que você sabe como você se sente.” (Pág.: 84)

“Tenho que me lembrar de que as pessoas normais também sentem isso: o desejo de pegar o momento e transformá-lo em eternidade.” (Pág.: 200)

“Isso me mostrou como o modo que experimentamos o mundo é arbitrário e individual.” (Pág.: 201)

Enfim, David Levithan me impressionou bastante no sentido da criação do romance entre dois indivíduos bem distintos, envolvendo muitas outras pessoas! Podemos conhecer e saber como funciona a mente do ser humano, em relação a família e ao relacionamento. A juventude é super explorada pelo autor! E isso me empolgou muito. Como o livro é considerado curto, contém apenas 279 páginas, senti que todos os assuntos abordados deviam ser mais aprofundados, mesmo que só mais um pouco (risos). Os personagens principais não foram tão bem construídos, mas deixaram suas emoções transparecerem em muitas cenas. Romance não faltou, pra quem gosta do estilo, “Todo dia” é um prato cheio. O final é de rasgar o coração, senti meus batimentos cardíacos acelerarem tão depressa e ao mesmo tempo parar por instantes. Enfim vale a leitura mas gostaria muito que David Levithan continuasse a história, mas infelizmente não terá.